domingo, 23 de agosto de 2009

Plaza Slims (Cuidado Onde Pisa / "Divino Maravilhoso")



Certa ocasião em uma das minhas idas à Europa, ouvi um comentário de recente amigo inglês que se surpreendia como eu olhava muito para o chão quando caminhava. Expliquei para ele que aqui no Brasil, no Rio de Janeiro mais precisamente, onde vivo, "é bom saber onde se pisa". Virou jargão. Muito pelo descaso que o poder público e os cidadãos, que também tem sua grande parcela de culpa - as cacas de seus animais de estimação porque xixi nunca vi lavarem - bem contribuem para que seja preciso dar uma olhada por onde se pisa. Calçadas esburacadas, isso quando são calçadas de fato, sujeira, mendigos, camelôs ... e mais alguns são os problemas encontrados, bem diferente de calçadas européias(as que conheço). Além disto o termo é usado para outros fins, outros sentidos, sentidos mais amplos, abrangentes. Usa-se muito para se referir a necessidade de se conhecer bem com quem se relacionar/confiar. Faz-se necessário sim. Pode parecer algo de alguém desconfiado, mas é bom ter sempre aquela "pulga atrás da orelha", "aquele confiar desconfiando", isto só se aprende com a vida. É bem bacana a máxima de se entregar por inteiro, confiar sem barreiras e concordo, mas não é fato corriqueiro, não mesmo. A cada tempo passado noto como estamos ficando cada vez mais fechados, traídos pela rotina da sobrevivência. São tantos obstáculos a serem vencidos, que se pudermos pular alguns, mesmo que para isto seja necessário uma açãozinha negativa aos olhos de terceiros, cometemos. São erros que por muito pode não parecer dramáticos, e não são, mas se costumeiro, tem uma tendência a se alastrarem e a nos dar aquela errada certeza que estamos aptos a cometer outros maiores e por aí segue-se o fluxo social moderno.
Nós brasileiros ficamos acostumos com o passar do tempo a desconfiar pelas injustiças que passamos , das explorações que sofremos por muitos anos e ainda é uma verdade, infelizmente, social. Por estrangeiros, patrícios e por nós também. A diferença é que traições externas nos fazem nos questinar mais, porque podemos colocar sempre a culpa no outro, um erro fatal.
Aqui se refere ser Terra de Ninguém - lástima. Quando me informo sobre os costumes em anos iniciais de nossa civilização a partir da chegada do homem branco, percebo a reação que os povos aqui habitantes tiveram com tal acontecimento. Foram dizimados praticamente. A intenção primeira era explorar terras novas - um pouco do que estamos agora fazendo no espaço. É o homem sempre em busca de novos horizontes. Até aí tudo certo, o que acontece é que o objetivo é conquistar o local, a área, fazê-la dominada e para isto, se conquista e se trai. Então como confiar? Em quem exatamente? Tenho um tio que sempre dizia que é preciso comer uma saca de sal junto para se conhecer de fato alguém. É, pode ser. O tempo ajuda muito nesta ação, mas quando é um encontro rápido e acontece a falsa sensação que encontramos a cara metade - não necessariamente sexo/afetiva - nos entregamos de corpo e alma. Ledo engano. Mas como saber? ... Divida uma saca de sal.

Divino Maravilhoso

Composição: Caetano Veloso/ Gilberto Gil

Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem, quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte






Souza Cruz S.A.

Nenhum comentário: