segunda-feira, 17 de maio de 2010

Murad (Atravessando o Saara dos Badulaques aos Ling Lings)

O bom em ficar mais velho, ou amadurecer como a grande maioria prefere dizer - e com razão - é que algumas observações por já serem tão repetidas no passar dos anos, assim como também o são situações, sentimentos, atitudes repetidas a exaustão, filmes que passam e repassam em nossas cabeças, na frente de nossos olhos como se estivessem sendo rebobinados ininterruptamente, que certas dúvidas, incertezas se ainda restarem, perdem a importância. O foco muda. Se restares ainda holofotes, estarão mirando outros olhos e outras armadilhas. A vida é assim.
Esta introdução é tão somente para dizer que hoje fui ao Saara, Centro Comercial no Centro da Cidade Maravilhosa. Sempre achei intrigante aquela região. Por que este nome? Saara não é um deserto longe pacas? Que gente estranha, morena diferente, nariguda em uma região antiga da cidade, parte de seus primórdios com ruas com nomes como Alfândega ou homenagem a algum personagem da história mas história bem antiga para o Brasil, o que quer dizer lá pelos séculos XVII, XVIII e adiante. Somos uma Nação - ainda - jovem! Por que ali? Que comércio confuso, barato, uma porção de badulaques que a princípio são um achado mas não fazem a menor falta. Com o tempo isto mudou e muito. Hoje é um comércio bem mais variado onde pode-se encontrar de um, tudo. Ainda muitos badulaques e bastante - novo para mim - ling lings, como chamo os de olhinhos puxados e que se comunicam com aquela velocidade e emitem sons que não há qualquer possibilidade de interação.
Sempre curti saber como era antigamente, procurar informações suficientes para que eu possa andar pelas calçadas e sentir como se estivesse lá, naquele período que invade minha mente em determinado momento, e viver como viviam ... o mais real para mim possível. E a região onde hoje compreende o comércio popular chamado Saara, tem muita história para contar. Descobri um site onde retirei este texto abaixo. Interessante.
Vá ao Saara, é uma experiência inesquecível.


A Sociedade dos Amigos e das Adjacências da Rua da Alfândega, SAARA, é uma área de comércio popular a céu aberto, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Composta por 1200 estabelecimentos comerciais, distribuídos em suas 11 ruas, abrange inúmeros ramos de atividade: confecções, cama, mesa e banho, brinquedos, ferragens, jóias, bijuterias etc...
Por se tratar de um centro comercial popular e por contar com um público médio de 70 mil pessoas por dia, motivo de orgulho dos comerciantes, a SAARA comercializa produtos de qualidade com preços extremamente convidativos, trabalhando com vendas por atacado e varejo.
A região onde é localizada a SAARA, mais precisamente a rua da Alfândega e adjacências, foi a área de escoamento dos navios chegados ao porto e onde se realizava a alfândega, vistoria e conferência das mercadorias. Daí o nome rua da Alfândega, recebido em 1716 após várias outras denominações. 

Como era bem próximo ao porto, este local também serviu como abrigo aos inúmeros imigrantes sírios, libaneses, judeus, gregos, turcos, espanhóis, portugueses e argentinos, que chegaram ao Brasil no final do século XIX e início do século XX. Alguns deles, fugidos da primeira guerra mundial, descobriram no Brasil um país de paz, com perspectivas melhores para o futuro. 
 Começaram a trabalhar para sustentar suas famílias. Inicialmente, trabalhavam como mascates, que eram os vendedores ambulantes que carregavam maletas onde era encontrado de um tudo, e que comercializavam suas mercadorias nas ruas. Posteriormente fazendo a ligação entre a capital e o interior do Rio, e ainda desbravando outros estados. 
 Com o desenvolvimento de suas atividades, os mascates foram se estabelecendo em lojas que funcionavam no andar térreo de sobrados, onde a parte superior era utilizada como residência. 
 O comércio nesta região funcionava muito antes da fundação da Sociedade, que teve como principal objetivo, aumentar a voz ativa dos comerciantes locais junto ao poder público. Este fato ocorreu no então governo de Carlos Lacerda, que no intuito de remodelar o centro, construiria uma "Via Diagonal" que ligaria a Central do Brasil à Lapa, desabrigando todos os moradores daquela região. 
 A necessidade de protestar contra a reforma, fez com que os comerciantes se unissem na formação de uma sociedade, que reunindo mais força, pudesse ser melhor ouvida pelas autoridades e por sugestão do próprio governador, foi fundada a SAARA. 
 Os entendimentos da Sociedade com o governo e o sentido da preservação da arquitetura local, acabaram convencendo as autoridades e o projeto da "Via Diagonal", parte do Plano Agache, foi abandonado. 
 Encontramos ainda hoje na Saara, a mistura étnica dos primeiros anos de formação desta comunidade, acrescida, mais recentemente, de imigrantes chineses, coreanos e japoneses, que convivem harmoniosamente, respeitando religiões e crenças, sendo carinhosamente nominada como a pequena ONU brasileira. 
 Estas são algumas de várias histórias e curiosidades sobre a SAARA, que concedem à ela um ar pitoresco e a transformam em, mais que um centro de comércio, numa sociedade que contribui para a história do nosso país.


 http://www.saara-rj.com.br/





The Turkish Cigarette

Um comentário:

Constanca T. disse...

Ahh o Saara!! Em pleno Centro da Cidade encontramos mercadorias de excelente qualidade com preços justos...
Justos??? Sim, sem aquele absurdo agregado pela etiqueta.
Claro que encontramos muitas marcas famosas por alí tbm..muitas de procedencia duvidosa; mas o maior de tudo isso é fornecer objetos, roupas, sapatos, comida (quem nao conhece os famosos Esfihas?)a preço normal!!!
Por normal entendo preço acessivo a todos e melhor ainda possivel de negociaçao!
A História se manteve em pleno sec.21 de mascates modernos..uma delícia.
Fui lá no sábado..Imperdível.