sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Hollywood (Uma Bombshell no Carnaval / "Disseram Que Eu Voltei Americanizada")


No ano de 2009 celebramos o centenário de nascimento da Pequena Notável. 

Carmen Miranda, nome artístico de Maria do Carmo Miranda da Cunha (Marco de Canaveses, Portugal, 9 de fevereiro de 1909 — Beverly Hills, 5 de agosto de 1955) foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960. 

Isto não é novidade para muitos, assim como também sua influência nos costumes, na música, na alegria, no showbusiness e acima de tudo, na imagem do Brasil no exterior, imagem esta que alguns ainda questionam seu grau de positividade. Será que nossa Bombshell (apelido americano) teria confirmado nosso karma de caipiras? Não concordo com ambas suspeitas. O que sei é que esta estrela maior trabalhou duro, com afinco e talento de sobra, nunca deixando de imprimir sua marca, orgulhasamente, de brasileira nativa, o que nem bem era de fato, mas de coração. 
Carmen tornou a baiana internacional (já eternizou a Império Serrano em samba de enredo clássico), difundiu o samba mundo à fora, seus balagangãs e turbantes se tornaram moda além dos indefectíveis sapatos plataforma que lhe proporcionavam alguns centímetros a mais na frágil estatura (?!). Carmen Miranda se tornou um ícone. 

Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite. Tinha 46 anos. 

Foi numa tarde em 1942. A Igreja estava vazia, a não ser uma moça que rezava contritamente diante do altar de Nossa Senhora das Graças. Uma senhora havia me trazido uma criança para batizar, mas, por morar muito longe daqui, e não poder pagar as passagens para alguém vir, não trouxera madrinha para o filho. Aproximei-me, então, da moça que orava e perguntei-lhe se me faria aquele favor, de repetir, pela criança, as palavras do batismo. Ela concordou imediatamente, serviu como madrinha do bebê. Depois. mandou o seu carro branco buscar o resto da família da pobre senhora para uma festa de batizado na sua casa. Eu soube, então, que a moça era a estrela Carmen Miranda e sua simplicidade deixou-me uma profunda impressão, solidificada, depois, pelas suas constantes vindas à Igreja que se lhe tomou um segundo lar, dando-nos ela um altar novo para Nossa Senhora.
Palavras do padre Joseph na missa do funeral de Carmen Miranda, agosto de 1955
Hoje é reverênciada por muitos, uma legião de fãs, mas no contexto geral, pela sua magnitude, penetração no mundo do entretenimento e o papel de "Embaixadora do Brasil", pouco se celebra Carmen. O museu construído em seu nome no Aterro do Flamengo é um desleixo em se tratando de tamanha personalidade. No ano de 2009, além da excelente biografia já escrita por Ruy Castro, apenas uma tão boa quanto exposição aconteceu no MAM, além disto, o que mais? (minha memória está fraca).
Chegou o Carnaval e o Rio de Janeiro é a capital da festa do Momo. Sempre lembro muito da Pequena Notável, suas caretas e trejeitos, seu jeitinho maroto e brejeiro, a fala rapidinha, os turbantes e balangandãs, sua alegria! Carnaval é isto acima de tudo, alegria.
Gostaria de sentir nossa grande estrela ser melhor lembrada e celebrada por estas bandas - ela que amava tanto esta terra - afinal ... 
Enquanto houver Brasil.
Na hora das comidas.
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu.



Disseram Que Eu Voltei Americanizada

Composição: (Luis Peixoto e Vicente Paiva)

Me disseram que eu voltei americanizada.
Com o burro do dinheiro.
Que estou muito rica.
Que não suporto mais o breque do pandeiro.
E fico arrepiada ouvindo uma cuíca.
Disseram que com as mãos.
Estou preocupada.
E corre por aí.
Que eu sei certo zum zum.
Que já não tenho molho, ritmo, nem nada.
E dos balangandans já "nem" existe mais nenhum.
Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno.
Eu posso lá ficar americanizada.
Eu que nasci com o samba e vivo no sereno.
Topando a noite inteira a velha batucada.
Nas rodas de malandro minhas preferidas.
Eu digo mesmo eu te amo, e nunca I love you.
Enquanto houver Brasil.
Na hora da comidas.
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu.





SOUZA CRUZ S/A

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