quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Free Silver (O Amor)





O amor. Ah! O amor, o amor ... Tanto já se falou, escreveu, fez, desfez, construiu, desconstruiu e todo o alfabeto mais sobre o amor que sinceramente para mim o amor é sentir, e então expressá-lo em atitudes. Muitos dizem que quando se ama, fica-se bobo, infantil, ridículo até mas, como é bom ser ridículo. Embora o talvez maior amante em nossa MPB, Vinícius de Moraes, que em parceria com Carlos Lyra tenha duvidado da existência de tal sentimento em "Coisa Mais Linda", trecho :

"... Porque tão linda assim não existe a flor
Nem mesmo a cor não existe
E o amor
Nem mesmo o amor existe
Porque tão linda assim não existe
A flor
Nem mesmo a cor não existe
E o amor,
Nem mesmo o amor existe."

o amor é o principal tema da maioria das canções pelo mundo. No Brasil, por exemplo, todos os grandes compositores cantaram o amor. O amor sofrido, o impossível, o arranjado, o louco, o sereno, o saudoso, o esfuziante, o sexy, o cristão, não importa, o que realmente importa é o sentir, o estar vivo, com o sangue esquentando e pulsando pelo corpo todo. Que sentimento cada vez mais difícil de se sentir. Parece que estamos todos nos guardando para algo, alguém que nunca chega e com a facilidade do mundo moderno tecnológico, a facilidade de "encontros" tirou o encanto da busca, da conquista, da paquera, do cortejo.
Lembro como é gostoso o exercício da paquera, ver a mesma pessoa à distância por um período até que o dia H (!?) chega e materializa toda a fantasia vivida na sua individualidade. Uau!!! Difícil, mas não impossível. Eu quero acreditar assim; não me considero um romântico inveterado, mas para quem já viveu pelo menos um grande amor, não pode perder as esperanças, claro que se adaptando aos novos tempos, senão, babau! "Dança", fica "excluído" do contexto geral e é preciso fazer parte de, conhecer para depois tirar as próprias conclusões.
Em muitas situações, o amor faz sofrer, e por medo talvez, costuma-se evitar quando o sentimento está aflorando; medo de rejeição, de abandono, de perda da individualidade/liberdade, e que mais, fazem com que as pessoas se "fechem", dêem preferência aos "amores" fortuitos em detrimento do amor que fortifica, acrescenta, revela, enobrece, qualifica, ... , rejuvenesce.
Eu quero chegar até o final dos meus tempos fortificado, rejuvenescido. E você ???

Abaixo, o "Soneto de Fidelidade", de Vinícius de Moraes, e "Cartas de Amor", de Fernando Pessoa; inspire-se.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


= = = = = = = = = =

Todas as cartas de amor...


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)







SOUZA CRUZ S/A

Um comentário:

Patsun disse...

o amor me assusta ... mas, tua escrita conseguiu fazê-lo leve!