sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sampoerna (Consternação no Planeta /"Haiti")



Alguns anos atrás, Caetano Veloso, em parceria com Gilberto Gil, lançou a canção Haiti, e até aquele momento não tinha noção do que era esta parte do Planeta. A letra é forte e mostra a realidade nem sempre aparente do cotidiano de muitos sul americanos, africanos, haitianos e por aí vai, em países onde a disparidade econômica é tamanha. Muita pobreza, muita miséria, muito desmando, exploração de todos os lados, a eterna situação de velha colônia.

Com o último acontecimento na ilha, a realidade de um país miserável, sem recursos básicos de vida e sobrevivência, que não podem nem mesmo sequer se reerguer e tem dificuldades até em receber ajuda, vieram à tona deixando o Planeta consternado. Uma tragédia! Talvez a maior de todas as que presenciei (?!).
Muito tem sido dito sobre o Haiti nos últimos dias, sua formação rochosa, os dramas mesmo antes do terremoto, a situação atual cada vez mais caótica. No Wikipédia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Haiti ), encontrei info geral sobre esta parte do Planeta.
O que o homem não faz com ele mesmo???




Haiti

Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui






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